Voltas
A minha vida é uma grande caixa cheia de nada.
Mas só porque estou em fase de arrumações e ainda não me decidi o que quero emocionalmente manter como bagagem.
Chouriço is a spicy portuguese smoked sausage, made with pork meat, pork fat, wine, paprika and salt, stuffed into tripe (natural or artificial) and slowly dried over smoke. It can be served as part of a meal or used as a dildo.
A minha vida é uma grande caixa cheia de nada.
Limpo sempre o tampo da sanita com álcool isopropílico antes de cagar.
Tenho a certeza absoluta que seria uma pessoa bem mais feliz se vivesse num jogo da Nintendo 8 bits.
Já contemplei o suicídio da mesma forma que já contemplei o Sol.
Acordei a ouvir isto.
Como peixe quatro vezes por semana, carne dia sim, dia não, vegetais sempre que o prato o justifica e sapos todos os dias.
Amor-próprio.
Já lavei tantas vezes a face com lágrimas que nem sei como é que as minhas bochechas ainda não têm borboto.
Sou tão antiquado em algumas coisas que, mentalmente, ainda me visto com camisas de flanela aos quadrados.
O Roberto é claramente um guarda-redes dos tempos modernos.
Eu sou o tipo de gajo que devia andar sempre com o cinto de segurança.
Não percebo a cena do mascar tabaco.
Estou com sono, estou com fome, estou com frio, estou triste, sem esperança, e estou aqui a partir pedra com uma cena.
Se o Jorge Jesus fizer contas tão bem como fala, então ainda é matematicamente possível ao Benfica conseguir a passagem aos oitavos-de-final da Champions.
Arranjaram-me a banda sonora há menos de uma semana, e eu pura e simplesmente não consigo levar-me a deixar de a ouvir.
Música é paixão, é pesar, é desgosto, é sentimento.
O relevo cultural da Margarida Rebelo Pinto é daquelas coisas que já nasceram terraplanadas.
Vou deixar em testamento a frase que quero que conste da minha lápide quando morrer.
O que fazemos molda-nos.
Seria incapaz de ir para a cama com a Clara de Sousa.
Não preciso de uma certidão de óbito.
A Bibá Pitta atinge-me como o tipo de cena que culminou como o resultado final de Deus ter atirado o barro à parede quando estava a fazer a Humanidade.
Não há transportes, as escolas, os hospitais e os tribunais estão nas covas e até o tempo está uma merda.
A minha vida é um fardo.
Gravidade a sério seria se o Newton tivesse levado não com uma maçã na cabeça, mas sim com uns tomates no queixo.
Só me apanharão vestido de vermelho no dia em que me virem de impermeável e motosserra a sair da casa da minha vizinha de baixo.
Uso post-its de várias cores para definir os diferentes sentidos de urgência das coisas que eu não me quero esquecer de não fazer.
Ya, SlipKnot é só berraria. Aquilo não se percebe um caralho do que ele está para ali a vomitar. Ya, não se percebe. Ya.
Onze mil trezentos e vinte e três dias.
O meu pai, o super-herói mutante mais original de sempre.
Sofro demasiado por antecipação.
Reafirmo-me perante toda a minha negação.
Permanece o mistério de como é que consigo ouvir Protest the Hero e, simultaneamente, a minha mesa de trabalho manter-se inteira e intacta.
Sou tão multifacetado que até as caras que faço quando estou a fingir que estou a trabalhar e quando estou a fingir que não estou a ver pornografia são distintas.
Se saio à noite à procura de respostas no fundo de um copo, é apenas porque sei que vou chegar a casa e ela me vai começar a fazer perguntas.
Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades.
Sinto a minha falta.
Cheguei ao Outono da minha vida.
Ajoelhei-me perante a grandeza do que me havia de mais certo a fazer e acabei com os joelhos esfolados.
Dizem que depois da tempestade vem a bonança.
Tudo ou nada é mais do uma dicotomia: é o que escorre de Golden Grahams para dentro da minha tradicional e matutina taça de leite, dependendo de quem fez o rasgão na embalagem.
A Marcha Radetzky de Strauss: para todos aqueles que não conseguem decidir se as suas vidas são um circo ou uma tourada.
Ando tão distraído que acho que nem que me mandassem para um campo de concentração a coisa ia ao sítio.
Incrível como um bom decote consegue reduzir o meu extensíssimo léxico a um "Uau" e àquele som que um gajo faz quando está a sorver o fio de baba de volta à boca.
Às vezes, e não raras vezes, nas vezes em que o nosso orgulho incita a mágoa naqueles que amamos, temos de dar braços a torcer.
O piano nisto dá-me vontade de ir ali à casa de banho e de me deixar afogar no lavatório.
A casa onde vivi durante vinte e seis anos é o meu Vietname.
Hoje sou o epítome da minha tristeza.
Estou com um pullover cinzento, uma t-shirt azul clarinha, uma calças verdes, uns ténis castanhos e um casaco azul escuro.
Recomendaram-me que eu tomasse uma cena, uns suplementos, que ajudam a combater a irritabilidade, a tristeza, a ansiedade, o sono não revigorante, o cansaço mental, o cansaço físico, a falta de concentração e a quebra de animismo, mas eu não preciso de nada disso. Estou farto que me tentem impingir banhas da cobra. Vocês cansam-me. Deixem-me em paz.
Estou tão, mas tão farto de chorar.
Se algum dia o Hans Zimmer e o James Newton Howard se virem sem papel e caneta, sempre podem agarrar em mim e usar a minha alma como pauta. E os meus sentimentos como partitura.
Não pertenço a este mundo e este mundo não me pertence.
"Força e honra" é um grande, grande lema.
Ter arrotado ontem na boca da minha namorada depois do jantar foi a prova que faltava que nós, os seres humanos, afinal, sabemos mesmo a frango.
Dêem-me stockings e mamas grandes e eu dou-vos, tipo, noventa e nove porcento da minha pornografia.
Os meus emails têm um corpo tão bom que só me apetece imprimi-los, levá-los comigo ali para um dos cubículos da casa de banho e comê-los enrolados num canudo.
Sinto a alma suja, cheia de nódoas.
Foi, finalmente, feita a partilha dos bens da herança do meu pai.
O mais perto que a minha miúda vai estar de viver um conto de fadas vai ser quando esta noite eu lhe der baile e lhe baterem as doze badaladas. No queixo.
Não sei o que é paz de espírito.
Alguém se lembrou de juntar Datarock com "The Nightmare Before Christmas".
Só estou à espera que o gajo que está a realizar o filme da minha vida diga "CORTA!" e me venha dizer o que estou a fazer de mal.
Para mim, um gajo que use sapatos de vela, calcinha com vinco e curta em baixo, camisa às riscas entalada por dentro das calças e pólo aos losangos só pode ser virgem.
Não tenho qualquer dúvida de que todas as pedras que atirem à cabeça do Manzarra sejam preciosas.
O bom da felicidade é a sua tendência inata a se repetir.
Se pudesse fazer a banda sonora perfeita para o meu local de trabalho, ela seria um álbum com oito horas de silêncio.
Deram-me o comando da minha vida, e eu agora não consigo parar de fazer zapping por entre todas as minhas emoções.
Só não corto os pulsos aqui e agora porque esvair-me em sangue dá-me sono, e eu nunca me deito antes das onze.
O quotidiano aborrece-me.
A minha racionalidade é a lente que magnifica, qual formiga a ser queimada à luz da razão, a leviana futilidade de toda a minha vida.
Mesmo não percebendo nada de matemática, dizem-me que o meu pai conseguiu descrever uma parábola perfeita antes de bater com os dentes, e já sem vida, no empedrado lá do bairro.
Só chamo paneleiros aos gajos que estimo mesmo.
Há toda uma diferença entre uma galinha pôr ovos de ouro e alguém com muito tempo livre entre mãos passar uma noite inteira a brincar depravadamente com uma galinha e uma garrafa de Gold Strike.
Há um limite para aquilo que te posso oferecer.
Para mim, a principal diferença entre a mulher e a minhoca é que só uma delas é que eu gosto de ver a contorcer-se toda nas minha mãos.
Tipos que seguem os seus próprios blogs.
Acabaram de me apresentar uma tipa que é um monumento do caralho.
A morte do meu pai deixou um vazio em mim.
Admito que o formol é um óptimo preservativo, mas continuo a dizer que preferia que o meu pai tivesse usado comigo a tradicional cena em látex.
Não deixo flores na campa do meu pai.
A morte do meu pai deixou-nos a todos uma mancha.
Ando tantas vezes entornado que, em vez de Guronsan, vou começar é a andar com uma esfregona atrás.
Sinceramente, já não sei se são os meus iogurtes naturais que cheiram a esperma, se sou eu que me ando a esporrar para onde não devo.
O principal inconveniente de não saber quem sou é que, mesmo assim, o mundo lembra-se de mim e do que eu fiz.
A última vez que o meu pai me fez falta foi aqui há uns anos, quando eu fiz um um-dois perfeito com o Hugo deixando o Roscas nas covas e o meu pai aviou-me um sarrafanço antes que eu pudesse fazer a diagonal para o meio e meter a bola ao segundo poste no Ben, que estava completamente isolado.
Sinto-me um autêntico pegureiro sempre que levo a vaca da minha namorada a uma casa de pasto.
Laborar a ouvir isto deve ser o mais perto que um gajo tem de sentir que está a trabalhar debaixo de água.
No meu ramo, só faria sentido chamar-lhes horas extraordinárias se um gajo estivesse a programar do outro lado da janela e com uma corda elástica atada aos pés.
O transporte mais rápido para ir ver o meu pai é bem capaz de ser as areias movediças.
O espaço só é a última fronteira porque os mexicanos não se dão lá muito bem com o vácuo e com a ausência de oxigénio.
Sou um misto de romântico à moda antiga e de poeta dos tempos modernos.
Os meus minetes são tão bons que deviam ser promovidos a doce tradicional dos Olivais.
Trato a cerveja do meu melhor amigo por tu.
Não consigo falar com o meu pai de igual para igual.