AnnaA Anna é o contrasenso do comum estereótipo da tipa boa: é boa
e é inteligente.
Pelo menos, é isso que ela apregoa à boca cheia (entre outras coisas à boca cheia) lá do alto do seu metro e meio.
Para além do espectacular facto de ter um par de énes no meio do nome, a Anna manifesta, no seu seio, outros espectaculares pares de atributos.
Entre estes, contam-se os seus inúmeros problemas de identidade, problemas como: não saber exactamente quem é; ou saber exactamente quem é; ou julgar saber exactamente quem é; ou não julgar saber exactamente quem é sabendo de antemão que sabe quem é no pequeno pormenor de não saber exactamente quem é.
Outros atributos da Anna com dois énes incluem:
- a espectacular capacidade de fazer parar o trânsito, especialmente se estiver sinal vermelho para os carros;
- a espectacular habilitação de deixar um homem boquiaberto, em particular após um chuto nas partes baixas deste;
- a espectacular propensão para um andar curvilíneo e sensual, em especial para os adeptos da cinesioterapia.
Há mulheres que nascem para se formarem autênticos aviões.
No caso da Anna, calhou-lhe o Boeing.
747.
De largo compartimento de carga.
CbluesExistem homens que nascem no corpo de uma mulher.
Existem mulheres que nascem no corpo de homens.
E depois há a Cblues, uma mulher que nasceu no corpo de um Horatio Caine.
Os Horatio Caines, para quem não sabe, são mamíferos bípedes que habitam no planeta CSI: Miami.
São normalmente identificáveis por ritos comportamentais como o estarem constantemente a tirar e a pôr os óculos de sol, o colocarem-se de lado quando estão a falar com uma pessoa, o espreitarem por cima do ombro quando estão a finalizar uma sentença e, aquele que é considerado o mais importante de todos os ritos, o fitarem o horizonte enquanto colocam os óculos de sol, dizem uma frase-chave e se põem a andar dali para fora.
Para além de uma mui
sui generis forma de transsexualismo, a Cblues revela capacidades que um normalíssimo Horatio Caine não possui.
Capacidades como o dom da representação, por exemplo.
Ou como um idiossincrásico controlo sobre a mente - idiossincrásico no sentido de o controlo sobre a mente da outra individualidade só ser efectivo se a outra individualidade for intelectualmente fraca como, digamos, um benfiquista.
Ou como o seu bojo para constatar o óbvio.
Ou ainda como a capacidade de possuir capacidades.
E isso é espectacular.
DideletNo que trata a embrulhar personalidades numa salsada de uma pessoa só, o Didelet encontra-se no patamar cimeiro.
Com a aparência física de um Pai Natal em roupagens informais, a calma e a sensatez de um Gandhi sob o efeito de bebidas alcalóides, o discurso articulado de um Yoda disléxico e o carisma de uma Barbra Streisand, quase que não sobra espaço para a sobremesa neste banquete de múltiplas facetas: a esquizofrenia.
Mas não uma esquizofrenia qualquer!
Psicoses qualquer pessoa pode ter.
E este menino foi muito mais selectivo na forma como elegeu se dissociar psiquicamente da realidade.
Este menino optou por sofrer patologicamente de uma psicopatia de natureza gramatical.
A este menino, a única que lhe faz saltar a mola é a referência a palavras homónimas.
Ou seja, muito cuidadinho com o sentido ambíguo dos vossos vocábulos na presença do Didelet.
É que toda e qualquer alusão dessa natureza pode levar este menino a entrar num frenesi assassino e indiscriminado.
O que é extremamente fofinho.
E espectacular.
Mary BirthFalhada.
Insegura.
Manhosa.
Reservada.
Viciada em tudo o que possa ser considerado droga.
Com uma peculiar inclinação para andar sempre descalça.
Com um condão para a dança igual à de um cabeçudo do Carnaval de Torres Vedras.
E ainda estamos na lista das qualidades da Mary.
Muitos há que consideram a Mary disfuncional.
Dizer que a Mary é disfuncional é o mesmo que dizer que o Cláudio Ramos é verde.
Ou que a relva é
gay.
Ou algo desse género.
E como se já não bastassem todas aquelas particularidades acima mencionadas, a Mary, esse caco humano, ainda sofre de síndrome de Tourette.
Este último é assim uma espécie de cereja funesta no topo de um bolo de excentricidades problemáticas.
Ou, como a própria Mary diria, "
Foda-se merda cona!".
Nem mais, Mary.
O ManO Man é um espelho que se chama "O Man".
Ou seja, é quase tão espectacular como um homem que se chame "O Mirror".
Isto, pelo menos, numa primeira análise.
É que atenção: O Man não é um espelho qualquer.
Mais do que uma mera superfície polida encastrada em mogno, O Man é, à boa imagem de um conto fantasista muito conhecido, um espelho que fala.
E atenção: O Man não é um espelho que fala qualquer.
Mais do que uma mera superfície polida encastrada em mogno que fala, O Man é, à boa imagem de um filme fantasista com recurso a paus Jedi, um espelho que fala com a voz grave e irrevogável do Darth Vader.
E ainda mais atenção: O Man não é um espelho que fala com a voz do Darth Vader qualquer.
Mais do que uma mera superfície polida encastrada em mogno que fala com a voz do Darth Vader, O Man é, à boa imagem de uma realidade portuguesa fantasista, um espelho que fala com a voz grave e irrevogável do Darth Vader e que tem, como alter-ego, o nosso pretérito Ministro das Finanças e da Administração Pública, Bagão Félix.
Ou seja, venham de lá todos e quaisquer homens que se chamem "O Mirror".
O Man é mais espectacular que qualquer um deles.
PatoQuando se pensa em patos, qual é a primeira coisa que salta à memória?
...
Exacto: vampiros.
Neste caso, um vampiro verdadeiramente peculiar.
O Pato é um vampiro que quebra toda a lógica associada aos vampiros.
Para começar, o Pato é vegetariano: a carne causa-lhe náuseas e o sangue fá-lo desmaiar.
A sua iguaria favorita é a sopa de alho, e não poucas são as vezes em que é apanhado a fincar os caninos no tronco de um belo de um carvalho.
Depois, tem medo do escuro: adora, inclusive, um bom banho de sol.
Depois, e já no campo da personalidade, padece de um extremo egocentrismo e de uma irresoluta pertinácia, o que associado à sua memória de curto prazo pode tornar uma conversa com ele muito, mas mesmo muito exasperante.
A sua melhor e única amiga é uma ameba de cerca de dez centímetros que transporta consigo no bolso para todo o lado.
Esta ameba dispõe de uma particularidade ímpar: sempre que tosse ou espirra, ela cospe objectos aleatórios, objectos esses que podem ir de um simples botão a uma complexa bomba de longo alcance e com o temporizador nos dez segundos e a contar.
E, para mal dos seus pecados, a ameba aparenta estar ininterruptamente constipada sempre que se encontra fora do âmbito quente e reconfortante do bolso do seu dono.
Ou seja, no seu cômputo geral, o Pato é espectacularmente peculiar.
Ou peculiarmente espectacular.
Não sei.
Fica ao vosso critério.
PeteÀ primeira cheirada, o Pete é apenas mais um árabe a quem cuja religião proíbe estritamente o asseio e a higiene pessoal.
À primeira vista, o Pete aparenta ser não um cadáver vivificado e já meio carcomido, mas sim apenas mais um árabe com mau aspecto.
À primeira lambidela, o Pete revela ter uma gustação em tudo semelhante ao paladar do suor dos tomates de um camelo.
Mas o Pete é muito mais do que isso.
Para aqueles que conseguem ir além do seu odor corporal, do seu aspecto e do seu sabor, o Pete revela austeridade e pose poética.
E para aqueles que conseguem ir à Wikipédia e pesquisar "Ahmad Shah Massoud", contemplarão que a sua figura vermiculada tem em tudo a semelhança física com o antigo Leão de Panjshir.
Nas suas palavras - ou, pelo menos, no som arranhado que emana da sua faringe lacerada - reverbera não só o fulgor incitante de um ingénito líder militar, como também a incisiva distinção de uma crítica a algo.
Sim, o Pete é um zombie afegão com pinta de pseudo-intelectual.
Mas é um zombie afegão com pinta de pseudo-intelectual que usa um pakul, o que o torna absolutamente espectacular.
Player1331Descendente legítima de uma longa linhagem de 1330 narcolépticos com psicoses profundas, a Player1331 herda dos seus antecessores a mágica e antiga arte de... dormir.
Versada nos actos de ressonar, babar a almofada, rilhar o dente e ter sérios problemas em acordar de manhã, a Player1331 é a verdadeira mestre do não fazer nenhum.
Só está bem quando está a dormir, e quando não está a dormir está constantemente cheia de sono.
E quando está constantemente cheia de sono, não consegue andar em frente (o seu mecanismo autónomo de locomoção é uma autêntica homenagem ao caranguejo).
E quando não consegue andar em frente, rabuja por tudo e por nada.
E quando rabuja por tudo e por nada, depaupera-se muito rapidamente.
E quando se depaupera muito rapidamente, acaba por adormecer.
E como se este ciclo vicioso não fosse já o suficiente para intrincar a sua existência e a existência de quem a rodeia, a Player1331 enferma-se ainda com uma extraordinária (e não espectacular, como se pudesse pensar) esquizofrenia.
Se bem que a Player1331 prefere dirigir-se à sua esquizofrenia como "
um montes de problemas mentais graves".
É que assim soa muito menos sério, e muito mais estouvado.
E toda a gente sabe que tudo o que é estouvado, isso sim, é que é espectacular.
PwfhO Pwfh julga que é o maior, o que, para anão, é, já de si, uma ambição para a vida.
Dizerem ao Pwfh que ele é apenas um sósia em ponto pequeno do Steven Seagal é fazer pouco dele.
Será, até e quiçá, o suficiente para o apanharem a morder-vos as canelas e a fazer
roundhouse kicks aos vossos tornozelos.
Em boa verdade, as espectaculares particularidades do Pwfh falam por si.
O espectacular facto de ser intempestivo, inoportuno, inopinado, inusitado, intrasado mental e muitas outras coisas começadas por "in" dá a conhecer uma infinita e multifacetada capacidade para arranjar problemas onde os problemas menos o esperam.
A sua espectacular idoneidade para conseguir representar a mesma expressão facial de mil e uma formas diferentes revela-se um precioso trunfo no combate às rugas, conseguindo assim partir de uma guerra acesa de palavras para um debate animado sem criar um único refego na pele.
O seu espectacular manancial de artes marciais dá a possibilidade aos seus oponentes de um dia poderem dizer aos seus netos que "
o avô já partiu a boca a um tipo que sabe karaté", ou "
o avô já partiu a boca a um tipo que sabe kendo", ou ainda "
o avô já partiu a boca a um tipo que sabe aikido".
E o mais importante e espectacular a reter sobre o Pwfh é o seguinte: a fonética do seu nome.
Dizer "Pwfh" ou deixar cair meio quilo de banha de porco no chão produz o mesmo som.
E isso é deveras espectacular.
Um último facto a reter sobre o Pwfh: o seu sério problema de flatulência.
Alturas hão-de haver em que se vão apanhar a vocês mesmos a dizer que há algo no Pwfh que cheira mesmo muito mal.
Nessas alturas, o mais provável é estarem certos.
R2-D2Como uma cópia chapada do Demis Roussos, o R2-D2 apresenta-se como a prova viva de que é possível um homem vestir-se com carpetes, usar botas de cores brilhantes e ofensivas, cantar e falar com voz de falsete, usar meia Amazónia peitoral orgulhosamente de fora e sentir-se bem com tudo isso sem ser com recurso a drogas pesadas.
E aparentemente a esquizofrenia estava em saldos, pois o R2-D2 é a terceira personagem do grupo a padecer deste tipo de psicose.
Neste caso, uma aguda inclinação para assumir, por vezes, exactamente metade das vezes, o ego do Eládio Clímaco.
No seu todo, uma esquizofrenia numericamente muito certinha.
E muito Jogos sem Fronteirástica.
E muito Festival Eurovisão da Cançãozística.
Pontuação: R2-D2, doze pontos.
R2-D2,
twelve points.
R2-D2,
douze points.
Tiagu GriluO Tiagu é algo de espectacularmente metafísico.
Ou seja, o Tiagu consegue agregar num mesmo ser dois conceitos completamente impossíveis de concatenar: o conceito "Paula Bobone" e o conceito "toda nua".
Como é que o Universo não implode com a conjugação dos dois, isso é algo que nem mesmo o próprio Moita Flores consegue explicar.
Para além de uma natural apetência para sufixar todos os seus nomes com a vogal "u", o Tiago manifesta ainda outra natural apetência: o de ser naturalmente parvo.
Senão, de que outra forma se explica que um homem adulto e formado deseje ser a Paula Bobone toda nua numa jigajoga de quimeras?
De qualquer forma, o Tiagu acaba por ser o único elemento do grupo que evidencia um claro super-poder: o poder de criar em quem o vê na sua pele de Paula Bobone de carnes ao léu o exacerbado desejo de ter nascido cego.
E isso é espectacular.
O Narrador declama:
Estas são as 11 personagens que vão, inicialmente, entrar na estória.
A aventura iniciar-se-à algures durante o decorrer desta semana que aí vem.
Estejam atentos...