Ontem à noite fiquei admirado com a minha capacidade de atafulhar bolachas Maria na minha boca.
Consegui chegar às oito, o que penso ser um novo recorde nacional.
Também ontem à noite, num dos episódios de uma série a que assisto assiduamente, Dr. House, este envolveu-se amorosamente com uma mulher casada chamada Stacy.
Uma frase dita por esta última ficou-me a remoer cá dentro.
Após House ter afirmado que ela deveria contar o sucedido ao marido, Stacy alegou:
"Se eu nunca lho contar, nunca lhe vai doer."Bom, por 1+1, eu fui tirando as seguintes conclusões no que à traição remete:
Uma pessoa tem o
direito de saber a verdade.
Uma pessoa tem o
dever de assumir as responsabilidades dos seus actos.
Uma pessoa que não assuma as responsabilidades dos seus actos não tem
direito a qualquer respeito.
Uma pessoa que não assuma as responsabilidades dos seus actos não pode exigir a outros o
dever de a respeitarem.
Logo, eu não respeito quem trai e não o assume.
Penso que mascarar uma traição com uma simulação de um acto nobre é viver uma farsa, e não é o acto mais digno.
"Não lhe vou contar porque não o(a) quero magoar."Tarde demais. O mal está feito. Já magoaste. E se não contares é por uma razão puramente egoísta.
Enfim, esta é uma questão que mexe comigo, à qual eu sou parcial e a qual já me roubou umas boas e largas horas de paz de alma.
E, no fundo, mas bem lá no fundo, não me surpreende nada que, na maior parte dos casos, suceda a mentira após a traição.
Pois se uma pessoa é capaz de trair, o que raios a levaria a passar sem mentir sobre o assunto?