Contralto
A Fiona Apple é uma daquelas tipas que eu não me importava nada que um dia confundisse a minha cara com um pouffe.
Chouriço is a spicy portuguese smoked sausage, made with pork meat, pork fat, wine, paprika and salt, stuffed into tripe (natural or artificial) and slowly dried over smoke. It can be served as part of a meal or used as a dildo.
A Fiona Apple é uma daquelas tipas que eu não me importava nada que um dia confundisse a minha cara com um pouffe.
Se a vida não fosse feita de "ses", apenas berraria "foda-!!!" sempre que me entalasse numa gaveta.
Ideia para um programa: "A Casa dos Segredos de Fátima", onde basicamente se metiam vários pastorinhos numa casa de campo a verem coisas que mais ninguém vê e a dizerem cenas que só fazem sentido a quem não tenha uma escolaridade mínima e só se sinta socialmente confortável na presença de gado e animais de quinta, com um confessionário para eles poderem ir lá expiar o facto de serem labregos religiosos, e com uma Voz na casa que bem podia ser a de Deus itself, mas sem eco que Ele já traz o seu e isso criava demasiada ressonância capaz de abalar a fé de um gajo. E levava-se, de quando em vez, tipo em dias de gala, uma Maria qualquer a fazer umas aparições lá no programa, e em dias de expulsão o pastorinho que fosse excomungado da casa era beatificado à saída com um maço de Marlboro em cada braço e canonizado contra uma parede.
Tenho uma nova amiga que é francesa. Não sei se a dobre, se lhe ofereça umas legendas agora pelo Natal.
A noção de espectacularidade de Deus é duvidosa. Se fosse eu, tinha extinto antes os mosquitos e mantido por cá os dinosauros.
Acabei ontem de ver o "SG: Atlantis". Não gostei muito, mas fiquei com uma estranha vontade de começar a fumar.
Cenas que um tipo a sofrer uma quebra de tensão não quer ouvir: "Meu, estás bem? Estás a ficar branco. Não achas que é melhor encostares-te aí a essa parede e wo pwo pwo pwo pwon?..."
"Já disse à minha mulher: quando ela chegar aos quarenta, troco-a por duas de vinte," disse-me o meu chefe.
Perguntaram-me se eu conhecia o Jacques de la Palice, mas eu cá só sei do Sting. Não me lembro do nome dos outros dois.
A Katie White é uma daquelas tipas que eu não me importava nada que um dia confundisse a minha cara com um pouffe.
Vi ontem este casal. Ela, perfeitamente normal. Ele, amputado e numa cadeira de rodas.
A Zon parece eu com as minhas ex-namoradas: faz o choradinho, farta-se de perguntar porquê, diz que não me quer perder e rebaixa-se até ao ponto da decadência quando eu lhe ligo a dizer que quero acabar tudo.
Deram-me cinco dias de nojo pela morte do meu pai. Disse que não, obrigado, que já tinha anos disso.
Sai a vaca e o burro do presépio, entra o hímen da Maria. Estou ansioso para ver a representação deste em cerâmica barata.
"Sessenta e dois quilos? E isso é peso d'homem?," borregou na minha direcção o cachalote com mamas do Departamento de Logística que, para o solo aos seus pés se tornar movediço, basta-lhe ficar uns minutos escorada no mesmo sítio.
Não é a roupa que faz as pessoas ficarem mais gordas: é o facto de já serem gordas que faz as pessoas ficarem mais gordas.
Antigamente faziam-se sacrifícios deitando as pessoas num altar e trespassando-as com uma faca.
Ideia inovadora: primeiro atirar um fogão, depois um fósforo, depois um tacho, depois água, depois margarina, só depois o arroz e por fim um etíope com moscas aos noivos à saída da igreja.
A minha mãe, educadora de ensino especial, acabou de me dizer que vai levar amanhã a turma dela de autistas ao teatro.
Não percebo a cena de atirarem uma mão-cheia de sal antes de uma luta de sumo.
Ir à missa e comer Cristo sob a forma de bolachinha já é bom, mas deixa um gajo com fome.
Em vez de um decantador, comprei um dekantador, que não só filtra os sedimentos e deixa o vinho respirar, como extirpa o líquido de qualquer peso deontológico e julgamento estético em quem o beber.
Luís de Matos? Se é para ver magia a sério durante hora e meia, prefiro o Ibrahimović e uma bola.
Trabalho para hoje: encontrar uma palavra de duas sílabas que, repetida ad nauseam, não seja uma batida techno.
Ando tão preguiçoso que a única coisa que nas últimas duas semanas arrumei cá em casa foi a pila para a esquerda.
India Malhoa e o seu disco homónimo. Falho em perceber se aquilo são letras, se são sintomas de oligofrenia.
Já alguém perguntou à India Malhoa qual é a sensação de ser uma das poucas ejaculações que não acertou no céu da boca da mãe?
Acho que a lepra foi a forma humilde que Deus encontrou de nos dizer que, no fundo, também nós não passamos de bifes.
O Psy conseguiu fazer aquilo que os UHF nunca conseguiram com os cavalos de corrida.
"Robot".
E ao fim de seis anos de namoro e três de vida marital, era ela o meu serviço despertar. Para tudo menos para o interesse.
Se o respeitinho é muito bonito, então porque é que nunca vi ninguém a tratar Jesus por "Sr. Cristo"?
"Se tenho dois dedos de testa e te dou dois dedos de conversa, é porque sei que mesmo assim me sobram seis para te enfiar na cona."
Inspiro para canalizar o ar e me manter vivo.
Para quem quer ser escritor, é um bocado mau os meus romances serem todos histórias mal contadas.
Mark Petrie sabe bem como agarrar em memórias passadas e dar-lhes um abraço recheado de conforto musical.
Nietzsche, ateu confesso, declarou que Deus está morto, e que o cristianismo, enquanto norma doutrinal pejada de falsa moralidade e idealismos decadentes foi, até ao momento, a maior desgraça que se abateu sobre a humanidade. Depois de dizer isto, Nietzsche apanhou sífilis, foi diagnosticado com psicose maníaco-depressiva, levou com dois AVCs na testa, ficou sem falar e sem andar, apanhou pneumonia e enfunou com um terceiro AVC que só não o mandou desta para melhor porque ele não acreditava nessas coisas.
Ainda não tenho a carta, mas já desde que meti os dedos numa tomada quando tinha três anos que sei que sou um bom condutor.
Duvido que o fim do Mundo chegue a 21 de Dezembro deste ano. Especialmente se houver greve dos transportes nesse dia.
Turno é o rei dos rútulos, filho de Dauno e da ninfa Venília, irmão da ninfa Juturna e neto de Pilumno. Turno é o principal pretendente de Lavínia, filha de Latino, rei dos latinos, mas não consegue casar-se com ela pois um oráculo aconselha Latino a aceitar como genro um estrangeiro, o troiano Eneias. Turno declara guerra aos troianos, não consegue o apoio do rei Latino, mas tem como aliado Mezêncio, ex-rei dos etruscos, e Camila, rainha dos volscos, que não vêem com bons olhos o poder cada vez maior dos troianos. Duas batalhas são travadas e Eneias faz o bis, embora durante as mesmas Turno acabe a matar Palante, filho de Evandro e aliado de Eneias. Eneias e Turno acabam a gladiarem num duelo que Eneias, porque é o maior, também ganha, e a vida de Turno, que não é o maior mas tem a mania que sim, só não é poupada porque Eneias vê no ombro do inimigo o cinturão do seu grande amigo Palante.
Se me decidir a ser um dia útil, hei-de ser uma sexta-feira depois de um feriado, para que toda a gente goste de mim e ninguém se sinta incomodado pela minha chegada.
Não sou continuamente feliz pela mesma razão que não estou sempre a comer bolo de chocolate.
Quem conta um conto, acrescenta um ponto.
Gostava de ouvir a palavra de Deus. Só para saber quanto é que ela vale no Scrabble.
Para mim, sexo explícito e ao vivo neste momento só se olhar para baixo enquanto me estou a masturbar.
Realisticamente, tenho apenas um canudo. Epistemologicamente, sou licenciado em mil e uma escolas de pensamento.
Tudo o que penso tem uma faceta psicotrópica. Tudo o que digo tem um impacto inebriante. Tudo o que faço tem uma vertente de ressaca.
Durante meses, ainda escrevi na coluna de um jornal. Até ao dia em que o segurança do edifício me apanhou e obrigou a lavar o pilar de alto a baixo.
Tenho uma forma de ver o Mundo tão à antiga que antes de qualquer coisa me ser minimamente visível a olho nu primeiro têm de me cortejar a menina dos olhos, mas cortejar à séria, tipo levá-la a jantar fora a um sítio fino ou ser ainda mais romanesco e simplesmente estender uma toalha no verde de um prado e recheá-la com tudo o que seja acepipe do bom e do caseiro e feito com o carinho que só uma avó sabe incutir, e meter-lhe flores no cabelo ao som de citações de Tolstói decoradas na noite anterior, e levá-la a ver uma reencenação de Édipo mas só com anões e sair do teatro de esgar culturalmente franzido, a bater palmas nas costas da mão e a coligir elogios em torno de como Voltaire é exímio na arte de satirizar e simultaneamente pugnar a tutelagem que nos é imposta pela sociedade, mesmo só com anões, e sentá-la no cimo de um muro e ler-lhe Emily Brontë apenas com recurso à luz da Lua, e trazê-la de volta a tempo e horas de ela e o meu corpo voltarem a ser uno e de ela poder ver o que tem a ver e da minha forma de ver o Mundo dar, finalmente, a sua perene e desnecessária divisa.
Devia haver bares onde os panachés para os homens fossem feitos com cerveja, gasosa e meia hora de enxovalho e abuso psicológico por parte do barman.
Devia haver uma Bíblia mas para ateus, onde basicamente se falaria deste jardim muito bonito que antes havia e onde as maçãs eram muito boas, e deste tipo que mandava uns bitaites engraçados e que uma vez passou com uma data de gente que ele conhecia de vista por entre este corredor de água que dava um efeito muito giro no meio do mar, e deste outro tipo meio excêntrico que tinha um barco tão grande que até animais lá tinha dentro e tudo, e ainda deste outro tipo, muito porreiro e que dava mesmo para ver que tinha pinta de boa pessoa, que até falava com os cegos e os leprosos, e que tinha este grupo de amigos que era tão popular que um dia até foram todos jantar fora e foi tão fixe que as pessoas ficaram a falar disso durante milhares de anos.
Devia haver umas drogas que, em vez de processarem o efeito placebo, admitissem que essa banda é uma merda e processassem antes aquela coisa andrógina que dá pelo nome de Brian Molko. Tipo, judicialmente.
Devia haver uns leitores de CDs que, caso detectassem que quem estava a cantar era ou o Miguel Ângelo ou o Miguel Gameiro, em vez dos dois segundos entre faixas punham tempo vezes infinitos.
Devia haver quatro tipos de leite: magro, meio-gordo, gordo e não-me-interessa-o-teu-peso-nem-o-teu-aspecto-;-para-mim-és-lindo-tal-e-qual-como-és.
Devia haver o menu de oito euros com sopa, prato, sobremesa e café. Como já há. Mas devia também haver a opção de, por mais um euro, eles darem-te a sopa à boca, cortarem-te o bife, fazerem o avião com cada colherada da sobremesa e assoprarem-te o café no fim.
Devia haver rampas de acesso em tudo para aquelas pessoas que dizem "fostes", "dissestes", "fizestes" e "estivestes". E no topo dessas rampas estava uma gramática.
Devia haver uns telemóveis que identificassem quando o seu detentor estivesse bêbado. E ficassem imediata e automaticamente sem saldo em resposta.
Devia haver uma cena com os mesmos efeitos do Guronsan mas para todas as mulheres que cometeram o excesso de ir para a cama comigo.
O ecoar lúbrico de uma punheta seguido de um choro penoso e quase inaudível de remorso e autocomiseração devia ser o refrão da minha vida.
Um tipo percebe que está a trabalhar num sítio com toda uma outra finesse quando há mais de um ano que está em novas instalações e ainda ninguém fez um glory hole a unir os cubículos da casa de banho.
Olho para a religião católica como uma máquina de lavagem cerebral. E para a Bíblia como o seu manual de instruções.
Sou óptimo a associar nomes a caras. Às vezes, até chego a associar vinte a trinta nomes antes de acertar no correcto.
Será inútil a minha futura mulher fazer testes de gravidez. Filho meu será sempre um falso positivo.
Houve muita coisa feita antes de Cristo e depois de Cristo.