Chouriço

Chouriço is a spicy portuguese smoked sausage, made with pork meat, pork fat, wine, paprika and salt, stuffed into tripe (natural or artificial) and slowly dried over smoke. It can be served as part of a meal or used as a dildo.

segunda-feira, julho 27, 2020

Haiku da imperturbabilidade

TV ligada
No ameno da noite
Eles descansam

sexta-feira, julho 17, 2020

Bra-ket

O gajo vira-se e "Man, voltas a invadir o meu espaço de Hilbert e tu vais ver o qué qué Bohm."

E eu: "Pfff... tu e mais quânticos?"

sábado, julho 11, 2020

Gawayn

Fritha é um nome nórdico que significa "justa, linda".

E ontem comi uma senhora dose de batatas lindas.

terça-feira, julho 07, 2020

Bacalhau à Lobo Antunes

Ingredientes:
4 postas de bacalhau demolhado
2 kg de batatas
2 cebolas
3 dentes de alho
1 l de leite
1,5 dl de azeite
1 folha de louro
Sal e pimenta q.b.
Sentimento constante de desconforto perante o vazio do mundano q.b.


Preparação:
Descasque as batatas num acto de suposto amor à gastronomia, como amantes que amam sem saber e que se olham sem realmente se verem.
Depois, corte-as ao meio, lave-as, despoje-as de tudo o que fez delas batatas para começar, e coza-as em água temperada com sal durante aproximadamente 20 minutos.

Noutro tacho e, quiçá, numa outra vida, algures neste tempo que teima em não passar, leve ao lume um tacho com o leite.
Deixe ferver, junte as postas de bacalhau e, por baixo de uma aparente indiferença, deixe cozer durante 10 minutos.
A natureza melancólica da cozinha assola a mente dos mais inquietos. Por isso, retire o bacalhau assim que sentir que ele está cozido, escorra-o e coloque-o num tabuleiro de loiça.
Na verdade, não precisa de ser de loiça. Isto é a receita a ditar. Fria. Autoritária. E eu, inseguro(a) que sou, obedeço.

Descasque as cebolas e os dentes de alho, pique tudo, junte o louro e o azeite e despeje tudo num tacho, qual Ícaro a tombar, de asas desfeitas, no negrume do desconhecido.
Leve ao lume e deixe cozinhar até a cebola ficar transparente, quase invisível. Num mundo só seu.
Nos tempos que se seguirem, tempos estes onde quase tudo se tira e já quase nada se dá, faça a diferença e adicione 1 dl do leite de cozer o bacalhau, mexa, tempere com sal e pimenta, e deixe ferver um pouco antes de retirar o preparado de um lume que apenas queima por fora.

De forma distante e cansada, ligue o forno a 200ºC.
Escorra as batatas, ou o que resta delas, e reduza-as a puré. Como se não fosse suficiente tudo pelo que já passaram.
Junte o restante leite de cozer o bacalhau, aos poucos, e apenas o necessário até ficar um puré macio e consistente. Como se... como se uma nova vida quiséssemos dar, uma nova eternidade a que as batatas podem aspirar e que, de qualquer maneira, na Última Instância, não lhes servirá de nada.
Tempere com uma pitada de sal refinado - apenas no nome - e outra de pimenta. Sabor que se adiciona em salpicos, como os de água da praia que sobre nós se polvilham a gosto em Agosto.

Espalhe a cebola em cima das postas de bacalhau, e disponha o puré de batata em montinhos, pequenas e metafóricas famílias como as que via no Beato em criança, à volta do mesmo.
Leve ao forno até ficar bem douradinho, retire e sirva ainda quente, num gesto de perseverança e generosidade, consciente de que por mais voltas que o mundo dê, o futuro é sempre para a frente.