Chouriço

Chouriço is a spicy portuguese smoked sausage, made with pork meat, pork fat, wine, paprika and salt, stuffed into tripe (natural or artificial) and slowly dried over smoke. It can be served as part of a meal or used as a dildo.

quinta-feira, outubro 16, 2025

Do nojo

Não tenho dados que o comprovem, mas não tenho a menor dúvida de que o seboso do Pedro Pinto é daquelas criaturas que nunca limpou o cu como deve ser uma única vez na vida.

E que mais depressa usa um piaçaba como pincel de churrasco para meter molho no bife do que para limpar devidamente uma sanita.

quarta-feira, setembro 24, 2025

Introspecções

Naikan é um método de auto-reflexão e crescimento pessoal, estruturado oficialmente há quase uma centena de anos, focado nas relações humanas, uma pessoa de cada vez, e que se define em três simples perguntas:
1) O que é que essa pessoa fez por mim?
2) O que é que eu dei a essa pessoa?
3) Onde é que eu falhei a essa pessoa?

Dentro do processo, está o destaque atribuído à nossa gratidão, à nossa satisfação pessoal e às nossas falhas.
De fora, ficam... as falhas dos outros.
Porque as falhas dos outros... são as falhas dos outros.
Tendemos naturalmente a condensar-nos mais nesta quarta pergunta. Na pergunta que não pertence a este sistema. Na pergunta que, também naturalmente, nos encaminha para a mágoa e a angústia.

Descobri que pratico uma coisa que nem sequer sabia que existia no universo das coisas definidas.
Que pratico Naikan cada vez mais. Desde sempre, e cada vez mais. Quase sempre a ignorar as conclusões, e a continuar a falhar, mas cada vez mais.
E acredito que isto, aos poucos, e ao longo do tempo, e em comunhão com todo um outro conjunto de coisas definidas que desconheço, me moldou, e me tornou melhor pessoa.
Não acho: sei. Que sou melhor pessoa agora do que era quando tinha vinte. Trinta anos.

Dito isto, eu continuo longe. Muito longe. Demasiado longe, ainda, da pessoa que desde a minha fantasia juvenescente desejo ser.
Talvez nunca lá chegue. Aliás, acredito piamente que nunca lá chegarei.
Afinal de contas, a vida é um jogo de apanhada onde todos os objectivos que julgamos fulcrais correm sempre mais do que nós.

Mas... essa não é a parte importante do jogo, correcto?
Acho que, algures, existe um método que desconheço que diz que sim.

Nem com ácido sai

"Dá-me o 39" e "Rumo ao 39" são expressões lindas, formosas, dignas de apreciação.

Na verdade, são locuções tão mas tão bonitas que eu espero continuar a vê-las por escrito e a ouvi-las durante muitos e muitos mais anos, até um futuro bem longínquo.

domingo, agosto 31, 2025

Homemade

I asked Spotify to make me a rock and metal compilation and he included Nickelback in the blend.

That was a mixtape.

terça-feira, julho 08, 2025

AUTODOC

"Calma. Vamos por partes," disse o Bruno.

E fomos.

Primeiro, foi o meu tórax, a cabeça do Raúl e as pernas do Bruno.
Depois, foram os braços do Raúl, as nádegas do Bruno e o meu baço.
As sobejantes peças seguiram no fim.

quinta-feira, julho 03, 2025

Adolescêntulos

Fica a dica: recuso-me a jogar à sardinha com gajos que não lavam as mãos depois de mijar.

Axiomas

A verdade é como o queijo amanteigado. Só não sei é porquê.

terça-feira, maio 27, 2025

Hoppy

O André faz cerveja e conheço-o desde criança.

É o meu homebrew amigo.

Não há duas fotos bonitas com frases inspiradoras sem três.

Frase inspiradora número 2.

Decidi dar os primeiros passos no mundo das fotos bonitas com frases inspiradoras. Cá vai a primeira.

quarta-feira, maio 07, 2025

Surdinas

Em Espanha, uma mulher conseguiu enganar a Segurança Social durante 16 anos e reivindicar uma pensão por invalidez ao fingir ter ficado muda após um incidente aparentemente traumático.

Coisas feitas pela calada.

quarta-feira, abril 30, 2025

Indigitamenta

Mercúrio retrógrado é um fenómeno astronómico, uma ilusão de óptica, que ocorre várias vezes por ano, quando Mercúrio parece mover-se para trás no céu, visto da Terra, provocado pelas diferentes velocidades e posições orbitais dos dois planetas.

Muitos dizem que é um período que, astrologicamente, pode trazer confusão, atrasos e até problemas tecnológicos, pelo que se deve evitar começar projectos nesta altura.

Aparentemente, não é só Mercúrio que é retrógado.

terça-feira, abril 15, 2025

The Chronicles of Prydain

Há uma razão para o autor americano Lloyd Alexander ser americano e não ser mongol.

Há uma diferença óbvia entre seres o americano Lloyd e o mongol Lloyd.

sexta-feira, março 21, 2025

Vinted

Há quem ache que o Miguel Arruda fez asneira. Eu acho que ele fez trinta por malinha.

sexta-feira, março 14, 2025

The language and the weapon

Eu acho que meterem os pronomes pessoais debaixo do nome não chega. É melhor meterem também os adjectivos preferidos, só para eu não correr o risco de chamar ridículo a alguém sem querer.

quinta-feira, março 13, 2025

Radiohead for moms

Vi imagens do último concerto de Coldplay na China.
Treze mil pessoas.
E era tudo amarelo.

quarta-feira, março 12, 2025

Y-BOCS

Eu não tenho uma OCD: tenho uma CDO, porque até as iniciais do meu distúrbio têm de estar por ordem alfabética.

quinta-feira, fevereiro 13, 2025

Wood pig

 The Dalai Lama emphasizes that wholeness, true fulfillment, comes from within.

That all of us have different ways of feeling complete, and all of them are valid.


Which is just another way of saying "There is no wrong whole".

quarta-feira, fevereiro 12, 2025

Haiku do quotidiano

Duche rápido
O trabalho espera
Mala e sair

Haiku da tertúlia

Todos à mesa
A ler e a escrever
Palavras fluem

Haiku dos felídeos

Prrrrr, renhau-nhau nhau
Mrrr-nhau, miau, miau
Renhau-nhau nhau fff!

terça-feira, dezembro 10, 2024

Haiku do arrependimento

 Falhei. Falhei-te.

Prometo que vou mudar.

Desculpa-me, Deo.

quarta-feira, dezembro 04, 2024

Haiku da harmonia

Frio lá fora

E por toda a sala

O som ecoa

quarta-feira, outubro 23, 2024

Catarse

Estou de pé. Acho.
Sei que tenho cinco sentidos, mas não consigo perceber se estão a funcionar, nem a que percentagem.
Alguém me diz alguma coisa, mas as palavras atravessam-me como se fosse feito de água, e seguem o seu caminho para o oblívio.
Sinto um braço. Depois um abraço. Ouço a minha mãe. Quero a minha mãe. Quero voltar para casa. Mas não sei o caminho.

Tenho de andar. Sinto que se não andar vou ser engolido pelo solo. Toda esta realidade parece feita de areia movediça.
Dou um passo. Dois. Dez. Quantos?
Não sei onde estou. Mas não estou onde estava. Nem há forma de voltar.

Já está de noite. Agora é de dia. O tempo deixou de ser linear na minha cabeça.

Vejo uma sombra sobre mim. E em baixo. A toda a volta.
A sombra tem dentes? Espero que sim.
Deixo-a engolir-me sem qualquer resistência. Tragado por mandíbulas informes, a caminho do estômago de um qualquer animal inexistente e inidentificável.

Ouço as vozes lá fora. Não ligo. Não quero saber. Deixem-me em paz. Deixem este monstro digerir-me à vontade, e evacuar o que sobrar de mim.

Os olhos ardem-me. Deve ser dos sucos gástricos. Ou das lágrimas.
Há quanto tempo é que não durmo?
Eu tento. Eu bem o tento.
Fecho os olhos, mas nada acontece. Apenas mais trevor. E antes do descer das cortinas, ainda consigo vê-los. Os meus sonhos. E os teus, amor.
Os nossos, todos. A fugir.





E o tempo passa.





Quer queira, quer não.
Quer olhe para o relógio, quer não.

O tempo passa, e passa, e passa, e passa.

O que não passa é esta sensação de vertigem.
Como se estivesse a cair sem parar.
Estou farto.
Despacha-te, chão.
Quero abraçar-te com todo o peso da minha consciência.

Perco-me continuadamente nestes ciclos de pensamentos. De sentimentos.
E a cada ciclo, o porquê. Porque continuo aqui?
Depois olho para o lado e vejo-os. Aos três. A dormir. Colados. Unidos. Descansados.
Enroscados na segurança e no afecto que lhes forneço.
E lembro-me do que tu me pediste. Várias vezes.
Tu pediste.
E eu estou a tentar, amor.
Estou a tentar de tudo.

Mas não sei como educar estas emoções.
Não sei.
Se grito, é sem fazer qualquer barulho, porque a minha boca e os meus dentes insistem em permanecer cerrados.
Tenho vontade de destruir todas as mesas do mundo ao murro. Ou os meus punhos no processo.
De só parar quando o peso da tua perda for demasiado para conseguir sequer manter os braços erguidos.

Mas a realização permanece.
Já não estás aqui.
Nesta galáxia. Neste sistema solar. Neste planeta. Neste continente. Neste país. Nesta terra. Nesta casa. Aqui. Comigo.

Ia adorar que estivesses aqui.
Ou aí.
A minha vontade de estares aí, metafisicamente, a olhar para nós, não passa disso mesmo: de uma vontade.
Não há outros planos. Nem de existência, nem meus de vida.

Sinto-me claustrofobicamente cercado desta mortalidade.

Estou sempre a senti-la.
A ouvi-la.
Nas palavras dos outros.

"Mata esse processo."
"Não podes morrer para a vida."
"Estás um pouco mortiço hoje."
"Isto hoje está pela hora da morte."
"Temos de combinar um café. Morro de saudades tuas."
"Estou a morrer de calor."
"Então, estás vivo?"

Já pedi tantas e tantas vezes, e a tantas pessoas, para o evitarem. Para não o dizerem.
Mas não.
Não dá.
É inconsciente.
Faz morbidamente parte do discurso do dia-a-dia.
A morte continua nas vossas palavras. E na minha cabeça.

De cada vez que as dizem, vocês não as ouvem.
Mas eu ouço. Ouço-as todas. Nunca fui tão bom ouvinte.
E cada uma é um soco onde mais dói.
E a constante lembrança do porquê da tua ausência, amor.





Faz hoje três anos que partiste.





Faltas-me.





Mas pediste-me.
E eu vou continuar a tentar.
Todos os dias.
Tenho falhado. Todos os dias.
Mas vou continuar a tentar.
Até conseguir cumprir o que me pediste.

Será o meu último presente.
Para ti, de mim, que te amo, Dora.


quinta-feira, março 07, 2024

Vacuidades

 Obrigado, KoRn.


Foram uns maravilhosos 26 anos no topo do meu favoritismo musical.

A falarem-me visceralmente ao ser e ao ego. A servirem de amparo, almofada e, às vezes, muitas vezes, de reforço para as minhas emoções mais fortes e potencialmente destrutivas.


Mas, como tudo o que enfrenta o teste do tempo, as coisas mudam.

Eu já não sou o mesmo.

Vocês também não.


E fui conhecendo outras bandas.

Fui saindo com amigos, e frequentando sonoramente outros espaços.

E, em 2022, no VOA, conheci os Gojira.


Saí daquele certame musical com vários earworms dos quais não fiz conscientemente caso.

Mas algo mais vinha comigo. Uma espécie de memória involuntária e proustiana pegajosamente despoletada por eles.


Levei dias, semanas até conseguir processar devidamente este corpo estranho que psicossomaticamente me acompanhava.

Sentei-me. Desliguei a noção da passagem do tempo e dediquei-me a escutar.

Ouvi os principais temas. Depois álbuns completos. Toda a discografia. Repeti doses. Canoros manjares.


E finalmente percebi.

Sempre fui extraordinariamente exigente no que toca a música. O que ouço tem de "me" falar. De me chegar ao imo.


E, no meu âmago, no meu baluarte de egolatria, por detrás de portadas vitruvianas de autoconservação, imperava o silêncio.

Até os irmãos Duplantier as abrirem e rebentarem a metafórico pontapé.


A mensagem havia fonograficamente chegado.


Gojira simboliza todo um conjunto de decalques que todos nós, enquanto seres cogitantes e sencientes, podemos e devemos possuir.


Gojira pede-nos para largarmos o "eu" em prol do "nós". O foco da sua música, das suas letras, das suas mensagens, está mais no que nos rodeia, e menos nas nossas autopatias.

Gojira aborda a vida, a morte, o renascimento do ser, a natureza (a nossa, a dos outros, e A natureza), o ambiente e os outros organismos.

Gojira olha para a condição humana e o nosso lugar neste planeta enquanto seus guardiões.


Quando Gojira toca, aqui cai o ego.

Finge-se que não se conhece Narciso, abandona-se o falso valor da nossa própria significância, vê-se Freud e Jung por aquilo que eles realmente são, e erige-se a tropia de querer ser mais. Mais humano. Mais alocentrístico.


Gojira é música.

A música.

A música para os meus ouvidos.


É música, eu sei. Apenas música. Mas apenas se o deixarmos.

sexta-feira, novembro 10, 2023

Weissbier

Quando, exactamente, é que "É uma caneca, se faz favor" se transformou em "É um copo com a mesma capacidade de uma caneca, se faz favor"?

GEE

Saquei da net um livro sobre o prazer e o orgasmo femininos.


Estava à espera de um PDF.

Em vez disso, estou a olhar para a directoria de download, e para um ficheiro intitulado "nao_existe.g".

Lingwistyka

De acordo com a morfologia da língua portuguesa, "tu", "ele" e "ela" são exemplos de pessoas verbais. Se bem que eu gostaria que vocês fossem só um bocadinho menos verbais, especialmente quando eu me estou a tentar concentrar no trabalho.

Kohl

"Percebo o que dizes mas, de cada vez que abres a boca, fico sempre com a sensação que é o álcool a falar," disse eu à Brandy.

quarta-feira, outubro 18, 2023

Spivak

Não sou nada fã daquelas pessoas que, numa discussão, e apesar de fornecerem factos, não só contribuem zero para o debate público, como afectam o bem-estar e a harmonia no mesmo.

Dito isto: "não-binário" é um adjectivo masculino.

terça-feira, maio 16, 2023

Begijnhof

Acho que vivemos num momento no tempo em que cada vez mais menosprezamos o silêncio.


Quase como se o espaço sonoro tivesse de estar sempre a ser ocupado com algo.


Não tem.


Nos dias em que quiser a vossa companhia, é isso que vos estarei a pedir.

A vossa companhia.

Não precisam de falar. Não precisam de preencher o vazio de palavras com músicas resquentadas pela rádio, ou com Tik Tokes prostituídos à bruta em partilhas pelo WhatsApp.


Dêem-me a vossa companhia.

Ela basta.

Não desdenhem do poder da vossa "mera" presença.

quarta-feira, fevereiro 01, 2023

Lipogramas

No início, o alfabeto latino tinha apenas uma vogal.

A zarabatana, a caravana e a cataplana foram inventadas nessa altura.

quarta-feira, novembro 30, 2022

Embarcações

"Nenhum homem é uma ilha," dizem-me "eles", enquanto eu vejo as tuas pontes de acesso a mim a desmoronarem-se a toda a volta.

sexta-feira, outubro 21, 2022

Catão, o Antigo

Para mim, há apenas dois tipos de oradores: os que falam, e os que nunca mais se calam.

terça-feira, agosto 23, 2022

Piados

Um pardal, uma galinhola e um noitibó entram num bar.

Pergunta o barista: "Então, o que vai ser?"

O noitibó vira-se e diz: "Nada, estamos só a passarinhar."


Esta piada não é para tordos.

segunda-feira, agosto 22, 2022

Suppa

 Tenho uma amiga que está a atravessar uma crise de identidade.

Chama-se Juliana mas é sopinha de massa.

segunda-feira, julho 25, 2022

Serápis

 Hades é o deus do reino subterrâneo, do mundo inferior, das trevas onde o destino das almas é traçado.

É também o irmão mais velho do Fostes e do Dissestes, e primo afastado do Quisestesio.

Peixe, peixe, peixe

 Sempre achei o Poupas uma aberração.

E há um filme da Rua Sésamo a ser planeado ainda para este ano.

Sou terminantemente contra trazerem essa personagem de volta.

Por mim, #nãopassarão.

quarta-feira, julho 13, 2022

O lobo solitário

Meto a sopa de agrião, a salada de frango com massa e rúcula e a lata de Guinness no tapete.

As coisas são agarradas e a máquina faz pi três vezes.

"É só?," interroga-me a moça.

"Sou, sim. Desde que a perdi. E vou pagar com cartão."

segunda-feira, junho 20, 2022

Sirtes

Não quero ter os pés bem assentes no solo. Não enquanto esta realidade for feita de areia movediça.