Chouriço

Chouriço is a spicy portuguese smoked sausage, made with pork meat, pork fat, wine, paprika and salt, stuffed into tripe (natural or artificial) and slowly dried over smoke. It can be served as part of a meal or used as a dildo.

domingo, janeiro 07, 2007

Uma história verídica...

Anteontem à noite aconteceu-me um episódio caricato.

Enquanto aguardava, no Campo Grande, pela abertura das portas do meu autocarro das 22:30, reparei que a rapariga que se encontrava ao meu lado dizia para um terceiro elemento, um homem nos seus 40 e poucos anos: "Lamento, mas não sei onde se apanha... talvez se perguntar a este senhor...". E apontou para mim.
Acerquei-me de ambos e pedi ao homem: "Diga, diga..."
O homem perguntou: "O autocarro para a Moita? Onde o apanho?"
Pensei um pouco e respondi: "Sinceramente, não sei. Mas olhe: pergunte ali ao motorista ou então no Metro, pode ser que eles saibam..."
O homem replicou de forma insólita: "Esta juventude... dizem que sabem mas não sabem coisa nenhuma!"
Eu e a rapariga entreolhámo-nos, arregalámos os olhos e sorrimos.
De novo, reforcei: "Pergunte ali ao homem. Pode ser que ele saiba..."
O homem saiu a barafustar qualquer coisa imperceptível e esteve cerca de 20 segundos à conversa com o motorista, que lhe abriu as portas por obséquio.
Regressando para junto de mim e da rapariga, tomei a iniciativa e perguntei: "Então?"
O homem, muito simpaticamente, ripostou: "Diz que sabe tanto como eu! Tsss!", enquanto abanava a cabeça e olhava com ar condenador para mim e para a moça.
Já com algum cinismo na voz, contra-argumentei: "Bom, então não lhe resta outra alternativa senão procurar por si! Alguma destas placas há-de dizer "Moita" como destino..."
O homem, com o dom da compreensão e mel na voz, declamou: "Era só o que faltava! Agora vou andar aí a bater com a cabeça nas placas, não? Ninguém aqui sabe nada! Já sou português há mais de 40 anos e agora tenho de andar aqui a ver o nome das coisas, não?"
Fiquei com a ligeira sensação de que o homem estava a mandar vir, mas não tenho bem a certeza do quê.
Tinha, no entanto, a certeza de que na altura pensava: "Oh, oh, tá parvo..."
As últimas palavras que trocámos saíram da minha boca: "Olhe, faça pela vida! Mexa-se!". E entrei no autocarro.

O maior espanto no meio disto tudo é que o homem não se encontrava sob o efeito de álcool.
Estava sóbrio e, por qualquer razão que desconheço, muito, muito zangado.

Ontem relatei este incidente à minha namorada e ela ficou algo chateada.
Nada de mais, para ser sincero.
Primeiro ela gritou: "O QUÊ?!?", enquanto virava a mesa de esplanada onde nos encontrávamos.
Depois, e enquanto me cacetava com o corpo inanimado de um infeliz transeunte que por ali circulava, berrou: "NÃO TENS VERGONHA? NEM UM PINGO DE VERGONHA? COMO PUDESTE DEIXAR AQUELA POBRE ALMA ALI, AO FRIO, SEM SABER ONDE APANHAR O AUTOCARRO PARA A MOITA? ÉS UM MONSTRO! NÃO TENS CORAÇÃO! ODEIO-TE! ODEIO-TE!!!"

E neste momento, neste exacto momento em que a enfermeira encarregue da minha cama me limpa as beiças depois de ter comido a sopa por uma palhinha, penso: se calhar o meu amor tem razão, e eu não tomei a melhor atitude...

1 Comentários:

At sábado, janeiro 13, 2007 1:00:00 da manhã, Anonymous Anónimo de acordo com a profecia disse...

o homem não queria andar aí a bater com a cabeça nas placas, pois não? querias ser tu ? lol ou se calhar fazias a pergunta por ele aos outros lolol

ha portugueses que ao fim de 40 anos ainda não sabem onde/como se vai para a moita :(

e triste!

 

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