A debilidade de ter de ser forte por outrem

Consume-me mais do que o humanamente suportável a existência desregrada de algumas pessoas que corrompem e atormentam e abstractamente rasgam página atrás de página atrás de página dos códices da moral e da ética e que insistem em impôr a sua demente noção de coabitação às pessoas que mais amamos e que aos poucos e poucos e a cada talhada dos gumes dos seus cutelos de libertinagem e devassidão lhes vão fatiando a essência e o animismo até nada mais restar senão umas pústulas de naturezas funestas e moribundas, sombras daquilo que em tempos já foram e que por mais que nós queiramos pegar fogo a esse repugnante mundo de nojentos abusos de confiança e traições e destruições de sonhos não podemos porque aqueles que mais amamos nos pedem encarecidamente para que não entremos nesses medires de forças e jogos de perversão porque tal como nós os amamos também eles nos amam de volta e obrigam-nos a prometer que não nos vamos meter porque temem por nós e nós rejeitamos porque tememos por eles e eles aí apelam directamente ao nosso coração e aí é como uma farpa que acerta mesmo no bullseye dos nossos mais sólidos sentimentos e aí choramos senão por fora por dentro porque sabemos que acabaram de nos atar as mãos com as cordas do respeito e da consideração e já não poderemos dar azo ao nosso mais profundo e vil desejo e deixarmo-nos ensandecer e anarquizar a nossa noção de Bem e de Mal e elevar essa noção acima de toda e qualquer Lei social e consequência comunitária e simplemente agarrarmos num tubo de aço revestido a cobre e acercarmo-nos de todos aqueles filhos da puta e fecharmos a sete chaves tudo aquilo que nos faz humanos e bater-lhes e bater-lhes e bater-lhes e bater-lhes e bater-lhes e bater-lhes e bater-lhes e bater-lhes e bater-lhes e bater-lhes e bater-lhes e bater-lhes e bater-lhes e bater-lhes e bater-lhes até eles morrerem.