Odor de alma

Vocês estão a ver aquelas sacas de estrume assim mesmo muita grandes e onde o cheiro a bosta é tão intenso e de tão elevado nível que até as moscas que cirandam à volta delas se vestem de gala para lá irem chafurdar?
Estão?

Agora peguem nessas sacas de estrume e ponham-nas a demolhar durante um, dois dias ali nos esgotos pré-estação de tratamento de águas residuais ali de Chelas.
Já está? Óptimo.

Agora vomitem para cima delas esse papo-seco com manteiga e essa meia de leite que tomaram há menos de duas horas ali no café da esquina da Sra. Adelaide.
Dois dedinhos na goela e faz força e... isso.

Agora metam duas pernas esterlicadinhas, uma careca, uma camisa de alças, muito pêlo no peito e a aparência geral de um velho de cinquenta anos nas sacas e ponham-nas a caminhar dois metros à minha frente na vereda que eu tomo para chegar aqui a Carnaxide.
Coiso, as pernas ali e...
Espectáculo.
Nem mais.

É que era isso mesmo que ia à minha frente, no caminho para cá, a nauseabundar as minhas narinas.