Mão há só uma
Eu já desconfiava.
Agora, sei-o.
A minha mão esquerda suspeita que eu a ando a trair com outra.
No outro dia, apanhei-a a chorar no duche.
Perguntei-lhe o que se passava, mas ela disfarçou, fechou-se num punho, disse que não era nada e virou-me as costas.
Fiz-lhe uma carícia nos nós dos dedos e, preocupado, tentei reconfortá-la, assegurando-lhe que não era desses.
Que sempre lhe havia sido canhoto.
Mas ela não acreditou em mim.
Disse que já me apanhou antes, e mais do que uma vez, a olhar para as mãos dos outros.
E, ainda mais pesado, disse-me que bem vê a minha cara de satisfação sempre que a minha mão direita se me mete no bolso.
Na altura, fiquei-lhe sem resposta.
E foi o pior que podia ter feito.
Dei-lhe o braço a torcer.
E agora ela nunca me dará a mão à palmatória.
3 Comentários:
Gosto.
De nada.
Muita "panhute" bates tu lol
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