Sinuosidades
Sempre que me dou um pouco mais a conhecer e as pessoas me dizem que eu tenho problemas sérios e mal resolvidos, fico tentado a replicar que ter tido um pai que me violava e me abjurou anos antes de morrer e um padrasto que me agredia, tanto física como verbalmente, numa base diária se calhar - se calhar! - não ajudou.
Contenho-me sempre de o fazer, no entanto.
Para evitar olhares como os que recebo da senhora da cantina lá em baixo sempre que lhe digo, todos os dias, que não, não quero aquele papel para forrar o tabuleiro, que não o trouxe de propósito porque o acho um gasto desnecessário de polpa de madeira e que não, minha senhora, já lhe disse que não, não me ponha isso no tabuleiro, ponha lá o raio do papel no sítio e sirva-me mas é a merda da feijoada de chocos.
Estou aberto, se as tiverem, a sugestões justificativas deste meu desvio de carácter bem mais romanescas.
6 Comentários:
Sugiro que digas à senhora que pode ficar com o papel e que com ele pode, inclusivamente limpar o cu. Que tal? Gostaste?
A senhora sabe que os tabuleiros não são limpos.
Já deixavas de te armar em coisinho, problemas mal resolvidos tenho eu, basta ver a nota que tive a matemática.
- Eu apreciei.
É bom saber que a minha miséria te diverte, Tiago.
Estás aberto mas é por razões supracitadas no mesmo texto.
O meu pai preparou-me bem para a vida.
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