Cozinho para o povo
Eu. Na copa. Sentado. De pernas escancaradas. Recostado até ao limite estrutural da cadeira. Com o café na mesa a fumegar-me a visão. A coçar o parco peito que Deus e a minha mãe em muita e maculada concepção me deram. A arrotar em decassílabos o que do almoço ainda me resta. Com a barba fruto da preguiça de muitos dias e as olheiras de alguém que só vive a vida muito depois da carruagem se ter transformado em abóbora.
Ladeado por mais quatro indivíduos. Homens. Do sexo masculino. Daqueles com pénis, voz agravada pela testosterona e mãos de quem parece que tem um part-time a abrir frascos de pickles ao final do dia. Cada um alcatifado com a estroboscopia própria dos seus pólos Quebramar. De perna mais cruzada que os pezinhos de Cristo. Sentados com a postura rectilínea de quem claramente não sabe o que é estar ali para as curvas. A falarem de quê? Futebol? Gajas? Carros? Não. De cozinha. De comida. De rolos de carne com caminhas de legumes. De como um deles fez um ontem à noite com um molho de cogumelos tão bom que até aposto que ele lactou dos mamilos através da camisa para o forro do avental quando o molho engrossou na cozedura. De como, para sobremesa, ele rematou aquela ceia não com um pontapé nos dentes, como eu na altura o imaginei a levar, mas com um trifle (hã?) de morangos. De qual a melhor forma de embrulhar o rolo, se com papel vegetal, se com uma forminha de pão untada com manteiga. Isto com a mesma paixão de quem discute um Messi contra um Ronaldo ou quantas pilas será que cabem ao mesmo tempo na boca da Anne Hathaway.
E a isto chama-se evolução dos tempos. Não de todos, só do meu porque, no meu tempo, para se ser paneleiro bastava levar na peida.
6 Comentários:
Há os que editam qualquer merda, há os que se lêem bem, e depois há os que não se consegue tirar os olhos do que escrevem, até ao final, e fica-se a chorar por mais.
Com estes últimos nos quais te incluo,uma pessoa fica a pensar; caralhos ma fodam s'este gajo não merecia dois chapadões de manhã e mais dois ao deitar, (domingos, feriados, dias santos e tudo), por ainda não se ter visto uma porra dum livro teu, em porra de livraria nenhuma, na porra deste Pais inteiro. Nada. Nicles. Rien. Nem uma amostra do que possas considerar o best, do tanto que tens aqui no teu blog.Não. Nada.
Dasse.
És tão atípica nessas tuas análises...
Caguei.
Não tenho culpa das minhas patologias.
O trifle de morango seria um limite delicioso. Delicioso, mas ainda assim o limite. Os hidratantes faciais masculinos (por exemplo) já seriam totalmente inaceitáveis.
Nice post.
no maximo arranjar uma bimby
A bimby está prá cozinha, como um vibrador para uma mulher. Resulta. Chega-se lá.
Mas metade do prazer está perdido, logo à partida.
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