Esboço literário de uma manhã
(texto oriundo de 08/02/2004, repescado directamente do fundo do baú)
Acordo. E existo de novo. E penso. E reflicto. E não será reflectir aquilo que sempre faço e fiz? E não será a reflexão aquilo que faz de mim o que sinto e sou?
Sinceramente, não sei, e também não vai dar para saber. Ficará uma questão sem resposta, pois a vontade de cagar e mijar está aí, e não há tempo para mais nada.
Percorro aqueles mesmos mosaicos de ontem e de sempre numa ânsia desgarrada de alcançar o meu pequeno e privado trono de porcelana, onde exorcitarei todos os males e pecados que cometi ontem ao jantar e à ceia. Oh refrigério! Oh aprazer! Que maravilhosa sensação esta provocada pela descarga das debuxantes poias de merda que assolavam o meu eu interior.
E eis que me sinto ainda melhor. Activo o autoclismo e desfaço-me do que era e já não foi. E, com isso, velha sensação de novo me acerca. Quem sou eu? O que faço aqui? Echorb mu emzaf?
Bem, acho que vou bater uma ou duas punhetas e cagar (segunda vez) no assunto.
E todas as minhas forças, todas as minhas convicções, todos os meus anseios, todos os meus desejos e até a minha mão esquerda se unem para alimentar e levar a bom cabo aquele movimento único e espontâneo de cima-baixo que vai fazendo crescer a minha contraparte. E pequenos fogos de artifício tornam-se em rebentações de noite de lua cheia à medida que o clímax cataclísmico se aproxima. E o momento, por fim, sucede: ejaculo com tal força que quase rebento as veias da minha imponente e deleitosa vergasta, dando-me prazer em quantidade tal que, comparado, só mesmo às litradas de esperma pelo ensejo provocadas.
O meu eu está satisfeito, o meu tu não existe e, foda-se, tenho fome!
Acho que vou comer, tenho de ir comer, preciso de ir comer!
O meu destino regozija-se ao me ver percorrer o caminho por ele traçado, caminho esse marcado pelo corredor e cozinha, mas não sem antes agarrar e comigo levar o último compact disk desses deuses gregos da sonoridade melódica a que até o mais comum dos mortais denomina de música.
E enquanto a banda de Jonathan Davis vai descarregando tensões no tempo e a minha essência se vai enchendo e delineando ao seu compasso, o monumental peido que dou enche cavernosamente o espaço à minha volta e provoca em mim tamanha gargalhada de boca cheia que, por brevíssimos instantes, esqueço a violência da batida incessante.
E assim se vai passando uma manhã.
E assim se vai processando a entrada numa tarde.
E assim se ensaia o planear de uma noite.
E assim se mostra o quanto eu sou monga.
Bem, acho que está na hora daquela segunda punheta...
5 Comentários:
Ora cá está, quanto a mim, um bom exemplo da diferença entre um escritor, e um gajo que gosta de escrever. Enquanto o 1º se diz, o 2º diz para um público. Vende mais, claro. E vende-se, por consequência.
Pode ser que morras pobre pá. E pouco conhecido, se comparado com eles (que ser-se um monstro tem lá o seu preço), mas feliz de quem puder um dia dizer, eu li o Grassa.
Eu cá ia a dizer, porra que o gajo escreve ca sa farta (de bem). Mas alguém se adiantou e em melhor. :D
Ps - uma dúvida: mongA?
mongA é uma redundância, Ana.
E manga?
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